Budismo e transexualidade

No Dia Internacional da Visibilidade Trans, um belíssimo depoimento de uma mulher Trans budista, que revela e denuncia traços de transfobia de certos monges budistas, mas que por outro lado, também revela sua busca por uma via de acolhimento através do próprio BudaDharma! A fala de Michele é uma lição pelo Dharma. Gravação promovida pela https://www.celebrateageing.com/, um centro de referencia australiano para idosos LGBT+.

(Leia o depoimento abaixo, tradução livre nossa)

“Em 2012, meu respeitado professor de budismo tibetano faleceu. Meu pai faleceu e cerca de um ano depois minha mãe faleceu. As coisas acumuladas que resultaram crises em mim me levaram abrir mão de todas as minhas inibições para me declarar minha “saída do armário”. No mês seguinte ao que minha mãe faleceu, eu estava já nas ruas como Michele. 

Nesse meio tempo, encontrei um outro professor de budismo tibetano, e levou cerca de dois anos, aproximadamente dois anos, para criar coragem e me declarar a ele, pois ele era um budista tradicional em vários aspectos. Quando me declarei a ele, eu disse três coisas. A primeira é que me apresento a ele como mulher, como em boa parte da vida. Segundo que eu sou feliz em meu casamento e pretendo continuar como tal e terceiro que eu ainda sou praticamente atraída exclusivamente por mulheres. E ele me deu três respostas que foram uma longa leitura dos assombros sobre homossexualidade masculina, ignorando o que eu disse a ele,  em declaração que eu estava possuído por espiritas demoníacos e ele poderia “me curar” e o que estava acontecendo provavelmente comigo era causado por causa da minha rotina e eu devia consertar isso, então foi praticamente amedontrador e me abalou meu interior, porque naquele estágio eu realmente acreditava estava  nos ensinamentos que ele estava transmitindo na lógica da felicidade filosófica e profundamente enraizado. 

Eu comecei a procurar nos ensinamentos budistas qualquer coisa sobre transgêneros e encontrei que Buda reconhecia nas escrituras que haviam seis gêneros sexuais na India naquela época há 2500 anos atras, acredite ou não, e Buda aceitava o conceito monges poderiam se tornar monjas, monges podiam fazer a transição e serem aceitas como parte da comunidade de monjas e da mesma forma monjas poderiam fazer a transição e ser aceitas como parte da comunidade de monges. 

Então no ambiente de Buda não havia nada de transfobia que o professor budista poderia me revelar e esse tipo de exploração que percebi foi uma sobreposição que aconteceu tempos depois. Mas isso me levou a uma caminhada procurando para ser aceita em uma comunidade budista a qual eu eventualmente encontrei em Melbourne Center, a qual faz parte de um grupo mundial que aceita lgbt budista e eu encontrei refugio lá, mas mesmo lá encontrei uma transfobia ocasional , sabe as pessoas ainda não entendem, então eu dei apoio em educa-los e dialogar com eles. 

Ser transgênero é algo absolutamente certo no budismo, faz mesmo parte do budismo e a habilidade de ir além do genero é uma parte importante do budismo. A iluminação eleva o ser iluminado a um propósito é não ter gênero. O único problema disso tudo é que todos os budas tem características masculinas e isso surgiu pela visão patriarcal. 

Mas certamente há fragmentos como Kannon que diz que está perfeitamente bem ser transgênero e ser budista, mesmo que eu seja membro de um grupo simpatizante lgbt, há um numero enorme de de lésbicas, gays e pessoas bissexuais, assim como pessoas transgêneros que são devotas, e ser os dois não são exclusivo em si. 

Isto é um ponto que o budismo diz é que todos são seus professores , mesmo o professor transfóbico que me deu uma resposta direta e transfobia e todas pessoa que me causaram transfobia aprofundaram minha prática me desafiando a pensar que está correto ser budista e transgênero. E minha conclusão ressonante foi esta, mas que esta conclusão ocorreu por ser desafiadora. 

O que posso dizer as pessoas na caminhada budista como transgênero é que sim, há pessoas lá fora que darão respostas deliberadas transfóbicas e que não é possível ser budista e transgênero porque vc é um ser enganado por ser transgênero. Aprenda a rejeitar isso, aprende que existem histórias de pessoas trans dentro do budismo, aprende que existem grupos de aceitação, aprende que há ensinamentos transgêneros no mundo e aprende a aceitar você mesmo como budista e uma pessoa transgênero.”

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