Uma pequena reflexão sobre ser lgbt+ do ponto de vista budista, quando dizem que é uma questão kármica. Para haver karma (o conceito original e não convencionado ocidental) são necessários três elementos: uma causa, uma condição e uma volição. Esse é princípio da Lei dos Doze Elos da Originação Dependente (ou Gênese Condicionada), o princípio que define como todos os seres/fenômenos surgem, desenvolvem e desaparecem.
Ser gay não é uma escolha, muito menos opção. Se assim fosse seria fácil optar em não sofrer, convenhamos que ser lgbt neste mundo sempre foi um amargo e cruel desafio. Mas o desejo pelo mesmo sexo (ambos, diversos ou trans) assim se expressa, se manifesta no indivíduo, sem um desejar consciente. Logo o que falta para definir a homosexualidade como kármica é a volição, pois não há intenção em ser gay, assim como não se tem intenção de ser negro, mulher, branco, alto, baixo, pois são causas e condições múltiplas que os define. Alguém pede por vontade própria para nascer como se é? Creio que não. Falta a volição dentro da originação do karma. logo ser gay não pode ser kármico.
Mas saber lidar com essa homossexualidade pode resultar em karmas benéficos, malignos e gerar felicidade ou sofrimento para si e para o outro. O dia quem a ciência comprovar que existe variantes genéticas que definem o desejo independente do sexo biológico, veremos muitos discursos religiosos se desesperar. O intuito não é confrontar ou validar como outras religiões definem o ser humano, mas budismo se diferencia das narrativas ocidentais por analisar o ser sistemicamente e não por narrativa criacionista. A qualidade moral não influencia em nada a obtenção da iluminação, estamos todos no samsara, o mundo de Saha, dos sofrimento, logo, pouco importa você ser hétero ou homossexual. Apenas seja!
Rev. Jean Tetsuji