HIV e Budismo, a vida de Issan Dorsey

“No começo de sua vida, meu professor, Issan Dorsey Roshi foi um viciado em metafetamina, uma drag queen, se prostituiu, era alcoólatra e as vezes um verdadeiro escroto. Meu professor também foi um monge Zen budista, um cuidador em asilos, um amigo de pessoas em situação de rua e viciados em drogas, um ser amável e compassivo, e as vezes um verdadeiro santo.”

Issan Dorsey

Esta é uma curta descrição feita por Daishin David Sunseri, que resume o grande paradoxo que foi a vida deste monge Zen. Daishin David foi aluno de Issan Roshi e se tornou monge, atuando em um dos primeiros grupos budistas voltados para homossexuais nos Estados Unidos, o Gay Buddist Fellowship, que existe até hoje. Esta ambivalência encontrada na vida de Issan, marcou seu caminho e encontro com o Dharma e foi essencial para o seu desenvolvimento, sendo também uma estória inspiradora para muitos LGBTI+ ao redor do mundo.

Issan Dorsey (Thomas James Dorsey, ou simplesmente Thommy), nasceu em 7 de março de 1933 em Santa Bárbara na Califórnia, Estados Unidos da América. Vindo de uma família italiana que se estabeleceu em meio a uma comunidade mexicana, uma parte expressiva da cidade de Santa Bárbara, seus avós e parte de sua família falavam espanhol fluentemente e se estabeleceram com facilidade entre os latinos. Como bons italianos, a família de Issan girava em torno de sua avó, uma matriarca de personalidade forte, trabalhadora, religiosa e que valorizava uma educação rígida. Neste contexto, Issan desde cedo se sentia deslocado, uma criança criativa e sonhadora, que já se percebia distante daqueles padrões familiares:

“Eu acho que fui uma criança neurótica, uma criança problemática, confusa e estranha. Eu acho que nunca me entrosei direito com a minha família do jeito que eu gostaria, principalmente por que acho que eles nunca souberam muito bem o que fazer comigo. Eu não era exatamente o que eles esperavam. Meus pais eram jovens quando nasci e eu era o primogênito, um menino, o garotinho deles que de repente se revelara muito afeminado. Eu acho que eles realmente me amavam, mas não sabiam direito o que fazer comigo. Eu não me lembro muito bem se algum dia eu fui muito próximo deles.” (Issan Dorsey)

Esta experiência compartilhada por Issan é muito comum entre pessoas LGBTI+, tenho certeza que diversas pessoas, independente do gênero ou orientação sexual podem se identificar um pouco com esse contexto familiar a sensação de deslocamento e inadequação durante boa parte de suas vidas.

A medida que crescia, Thommy (Issan) não gostava muito de estudar e se sentia alheio dos grupinhos de colegas da escola, como todo queer, e aqui acredito que muites também se identifiquem. Apesar de ser um estudante medíocre, Thommy adorava artes; pisciano que era, desenhava muito bem, tocava piano, cantava e também gostava de atuar, participando dos grupos de teatro de sua escola. Ao longo dessa jornada, Thommy sempre tentou se encaixar nos padrões escolares e estabelecido por seus colegas da época, segundo ele, sempre “tentava ser normal”, chegando até mesmo a namorar garotas. Seu primeiro parceiro foi um romance às escondidas no grupo de teatro que participava quando saiu da escola, o rapaz tinha namorada e eles trabalhavam juntos em uma peça infantil. Depois desta experiência, Thommy resolveu se alistar e entrar pra marinha. Aos 17 anos ele avisou seus pais que havia se inscrito, mas o exército só aceitava recrutas a partir dos 18 anos e ele teve que esperar. Segundo relata Issan, ele não sabia muito bem o que fazer, apenas queria sair de casa, sair de sua cidade, esquecer a época de colégio, ele queria simplesmente sair, viver sua vida e encontrar um espaço em que pudesse ser gay, ainda que, segundo ele, nem mesmo soubesse o que significava ser gay naquela época ou mesmo conhecesse tal palavra.

Quando entrou na marinha, Thommy encontrou diversos colegas homossexuais, alguns deles já mais velhos e que o protegeram durante esse período. Ao longo de sua estadia no exercito, Thommy teve diversas experiências e viajou ao longo da costa oeste americana. Quando saiu da marinha, ele começou a trabalhar em lojas e bares, e durante este período Thommy passou dos limites da bebida e da droga, experimentando inclusive heroína, injetando o opioide em seu corpo. Para ganhar dinheiro fácil, Thommy também passou a se prostituir, utilizando o trabalho sexual por um longo tempo em sua vida, como forma de sobrevivência. Ao frequentar diversos clubes gays em São Francisco, ele finalmente encontra um grupo de drag queens e resolve se candidatar, mudando seu nome para Thommy Dee.

Thommy Dee

Durante sua carreira como a Drag Queen Thommy Dee no começo dos ano 1960, viajou em turnê para se apresentar em diversas cidades nos Estados Unidos. Continuou a usar drogas e a se prostituir durante todo esse período e em uma de suas viagens à Nova Iorque, a caminho de uma apresentação com um grupo de colegas drag queens, Thommy sofre um grave acidente de carro. O grupo estava viajando embriagado e sob efeito de várias drogas, até que o carro capota e cai numa encosta, matando todos que estavam na viagem exceto Thommy, que é jogado para fora e severamente ferido. Ele fica hospitalizado por um longo período, sua voz e coordenação motora ficam prejudicadas por um tempo, mas Thommy se recupera e volta a se apresentar no palco como drag queen.

Seus pais aparecem em uma de suas apresentações quando Thommy retorna à São Francisco. A conversa foi amistosa e eles falaram normalmente com Thommy como se ele nem mesmo estivesse maquiado. Seus amigos no bar onde se apresentavam faziam vários elogios a ele, como se quisessem acalmar seus pais e afirmarem que estava tudo bem com seu filho, que eles não deveriam se preocupar.

Em outras turnês que fez como Thommy Dee, ele também chegou a ser preso até mesmo doze (12) vezes, seja por porte de drogas, brigas, tráfico, prostituição e até mesmo suspeita de assassinato. A vida de Issan Dorsey ao longo de sua juventude foi mesmo conturbada e difícil. Seu estado de saúde também não era dos melhores. Certa vez ficou internado novamente no hospital com quadro grave de hepatite e diversas outras complicações em vários de seus órgãos devido ao acidente que havia passado anos antes. Passou por uma séria cirurgia que quase tirou sua vida, mas conseguiu se recuperar e alguns de seus amigos foram buscá-lo nos hospital após sua recuperação.

No final dos anos 1960, Thommy teve sua última experiência com drogas quando conheceu um amigo que usava LSD em retiros espirituais. Thommy começou a frequentar diversas comunidades da contra-cultura e nova era, sendo apresentado a diversas religiões orientais que estavam se popularizando em solo americano. Certa vez, em um encontro na casa deste amigo, uma das pessoas presentes, trouxe uma cópia do Sutra do Coração (Prajñā Pāramitā Hridaya Sūtra) e começaram a recitar. Este momento chamou muito a atenção de Thommy que na época não sabia quase nada sobre Budismo. Alguns dias depois, caminhando na rua com seu este mesmo amigo, se deparou com uma briga calorosa entre membros do exército. Este seu amigo, numa tentativa de apartar a situação, começou a recitar o Sutra do Coração: hannya haramita shingyo…, que segundo conta o próprio Thommy, como se num passe de mágica, a briga se encerrou, os militares que discutiam no meio da rua se afastaram e foram embora. Thommy perguntou ao seu amigo onde poderia conseguir uma cópia daquelT texto, e então foi apresentado ao templo Sokoji, que na época era administrado pelo monge japonês Shunryu Suzuki.

Essa foi sua primeira experiência com o Budismo e a partir de então ele resolveu iniciar seus estudos e prática, aos poucos frequentando aquela comunidade e fazendo uma longa revisão de tudo o que havia acontecido em sua vida. Segundo o próprio Issan, naquela época, passou inclusive a avaliar a vergonha pela qual sentiu por toda sua vida em ser homossexual.

“Acho que carreguei essa culpa por anos, mesmo depois de pensar que a havia largado. Lembro-me de sentir essa condição sendo arrancada de meus ombros. Eu podia realmente sentir isso, como se estivesse sendo arrancado. Agora posso me livrar disso, finalmente me livrar dessa culpa por ser homossexual.” (Issan Dorsey)

Thommy passou a frequentar a comunidade e a ouvir todas as palestras de Suzuki-roshi. Não perdia nenhuma e participava de todas as sessões de Zazen (sentar-se em Zen), as práticas de meditação depois das reuniões. Lia tudo que podia, todos os livros da biblioteca do templo, passou a apoiar a comunidade em serviços domésticos, ajudava a limpar, lavar os pratos e aos poucos foi tomando conta da cozinha, fazendo comida para todos. Com o passar do tempo, sua prática foi se intensificando e Thommy entendeu que este era o caminho que deveria seguir pelo resto de sua vida. Outros membros começaram a participar da cerimônia de iniciação, outros foram ordenados noviços, e com isso Thommy sentiu que também era chegado o seu momento de entrar oficialmente para o Sangha. Segundo ele, procurou seu mestre e falou:

“Roshi, eu vim aqui para perguntar se eu poderia me tornar seu discípulo.” Eu fui lá perguntar porque outras pessoas tinham sido ordenadas por ele, sabe? Mas naquele momento eu quase mijei nas calças, eu estava completamente verde, então eu rapidamente disse: “Agora percebi que foi apenas um lapso egóico da minha parte. Então vou continuar praticando e fazendo o melhor que eu puder.” Então Suzuki-roshi me disse: “Bem, não há diferença entre isso e ser meu discípulo.” Isso me fez sentir tranquilo e me encorajou a continuar praticando. (Issan Dorsey)

Em agosto de 1970, Thommy participou da a cerimônia de jukai (受戒), onde recebeu seu nome búdico (hōmyō 法名), um manto budista para vestir (rakusu 絡子), jurou seguir os cinco preceitos leigos ditados pelo Buda e oficialmente tomou refúgio nas três jóias budistas (o Buda, o Dharma e o Sangha) diante de toda a comunidade. Em 1975, Thommy finalmente foi ordenado monge, participando da cerimônia de tokudo (得度), que foi liderada por Richard Barker, sucessor de Suzuki-roshi que havia morrido em Dezembro de 1971. Nos próximo anos, Issan trabalharia como monge assistente de Barker-roshi e assumiria como shuso o templo Tassajara, que ficava em Carmel Valley, também na California. Shuso seria um dos graus de ordenação monástica na tradição Zen em que o monge assumiria certas responsabilidades em um templo por um período de intenso treinamento. No final do treminamento o monge é submetido a uma outra cerimônia chamada Dharma Combate, ou Desafio do Dharma em uma tradução mais literal, em que o postulante é submetido a uma série de questionamentos a respeito da doutrina, na frente de toda a comunidade e diversos professores.

No anos 1980, Issan retornaria para São Francisco e fundaria um centro Zen específico para pessoas homossexuais. Embora nenhum centro ou templo Zen naquela época tivesse qualquer restrição a respeito da sexualidade das pessoas, Issan ouviu de muitos gays que muitas vezes se sentiam intimidados por outros membros ou mesmo que assuntos específicos de suas realidades não eram tratados no meio da comunidade, sentindo-se muitas vezes deixados de lado. O novo grupo se instalou em Hartford Street e inicialmente se chamou “Gay Buddhist Club” (clube budista gay), porém mais tarde mudou seu nome para Maitri, a palavra budista que significa “amigável, cordial, gentil”.

“Cuidar dos detalhes do nossa rotina diária deveria ser a nossa prática.” (Dogen Zenji)

Certa vez um dos professores de Issan, Dainin Katagiri Roshi visitou Maitri Zen Center e Issan passou uma semana preparando o centro para receber seu querido amigo e professor. Issan parecia bastante preocupado e ansioso, pois queria tudo organizado e pronto para a chegada de seu mestre. Quando ele chegou, Issan se dedicou atenciosamente, mostrando todo o trabalho que vinha fazendo com a comunidade local, como o centro estava se desenvolvendo, tratando-o com muita reverência e se encarregando de atender todas as necessidades do seu velho professor. Quando chegou a hora de seu mestre ir embora, Issan se ajoelhou em seus pés e o ajudou a calçar suas sandálias, um gesto que para muitos de seus alunos pareceu exagerado e talvez até mesmo além dos limites em que um mestre e aluno deveria ter. Um de seus alunos mais tarde chegou a questionar se aquele comportamento não seria demais e o perguntou se deveria mesmo tratar alguém daquela forma. Issan por sua vez ficou bastante sério e de forma muito dura afirmou: “Eu não fiz aquilo tudo por ele!“. O cuidado e a atenção uns com os outros, e até mesmo a reverência com os mestres é uma forma de praticar a atenção plena, fazendo parte do caminho budista.

Em 1985, após um quadro de gripe forte, um amigo de Issan sugeriu que ele fizesse um checkup. Naquela época, a pandemia da Aids estava começando e muitos homens gays estavam morrendo. Seu amigo recomendou que fizesse o teste, pois não custava nada saber seu status. Após fazer uma bateria de exames, os médicos ligaram para sua casa para compartilhar o resultado e após explicar cada um dos resultados, eles simplesmente disseram: “Ah, por acaso, você testou positivo para HIV e precisa fazer um segundo teste para garantir.” Amigos de Issan contam que ele não ficou muito preocupado, pois na época era comum ter falsos positivos e ele foi tranquilo fazer os segundos exames. Porém os segundos também tiveram resultados positivos e ficou confirmado que Issan teria contraído HIV. Ao que parece, Issan estava sereno com o resultado e chegou a comentar que não seria bem uma novidade diante da vida passada que teria tido e por tudo que ele passou até ali. Embora seus últimos poucos relacionamentos sexuais tivessem sido com um único parceiro e com camisinha, Issan contou que uma das relações acabou sendo desprotegida mas que não haveria como saber se teria sido algo contraído antes ou nesta situação. Seria algo que ele teria que lidar a partir de então.

Com o passar dos anos, a pandemia foi ficando ainda mais intensa e a cada dia mais e mais homens gays morriam por todo o país, em todas as regiões. Notícias a respeito da doença apareciam em todos os telejornais. Os estágios finais da doença eram terríveis e muitas pessoas que chegavam ao estado da Aids eram rejeitadas nos hospitais e largadas no leito para morrerem. O pânico entre a comunidade passou se tornar um sintoma de alto estresse mental e muito sofrimento. E foi então que, em 1987, Issan resolve abrir um asilo para receber pacientes em estado terminal de Aids. Diversos leitos foram instalados no centro Maitri e muitos pacientes receberam dedicados cuidados por todos os membros da comunidade, nascendo assim o Maitri Hospice, um lugar que hoje funciona como hospital especializado em ISTs em São Francisco. O trabalho voluntário de Issan ficou conhecido em toda São Francisco e foi um dos seus principais legados na história do Budismo Americano.

No final de 1989 Issan é ordenado finalmente roshi (abade) do Maitri Zen Center que passa então a se chamar Templo Issanji. Poucos meses depois, em meados de 1990, infelizmente, Issan Roshi vem a falecer de Aids. Seu legado continua até hoje em Hartford Street, onde funciona o Issanji, um templo com uma história potente de luta contra a pandemia da Aids que dizimou milhares de pessoas LGBTI+ ao redor do mundo e que também foi e é, até hoje, um lugar de acolhimento para budistas LGBTI+.

Para o Budismo, o HIV/Aids é mais uma das doenças que existem no mundo e afetam a humanidade. Em sua iluminação, o Buda se deparou com o que passamos a conhecer como as quatro nobres verdades que constituem a verdade por trás de todas as coisas para a qual ele despertou. (1) entender que na vida há sofrimento (Dukkha), (2) que existe uma causa do sofrimento (Samudaya), (3) mas que há possibilidade de cessar o sofrimento (Nirodha) e (4) que existe um caminho que conduz à cessação do sofrimento (Magga). Segundo o Buda, todos nós passamos por um ciclo de nascimento-crescimento-adoecimento-morte, um ciclo incessante que nos prende neste mundo de acordo com as nossas ações karmicas. Passar por doenças é algo inevitável, e por muitas vezes, estas doenças no levarão à morte, mais cedo ou mais tarde, pois nosso corpo virá a padecer, ficar frágil e apodrecer. Esta realidade é rejeitada por muitos e o ser humano costuma rejeitar esta condição, tentar burlar e evitar estes estágios naturais da vida.

As doenças também fazem parte de uma causa e o HIV deveria ser entendido da mesma forma que qualquer outra doença. O Budismo não traz julgamentos a respeito de como você criou os contextos das causas e condições que o levou a contrair determinada doença.  A descoberta de novas terapias faz com que as pessoas consigam viver hoje suas vidas de maneira plena, completamente saudáveis e sem nenhum sintoma. Os novos medicamentos são tão eficientes que praticamente eliminam todo o vírus, faltando muito pouco para a cura, o que deixa as pessoas em um estágio chamado “indetectável”, ou seja, com uma porcentagem tão baixa do vírus no corpo que é impossível do vírus causar qualquer dano à saúde e o mais importante, as pessoas passam a não mais transmitir o vírus. Uma pessoa que faz hoje o tratamento correto, ao se tornar indetectável, também se torna igualmente “intransmissível”.

Hoje o HIV é considerado uma doença crônica, tal qual uma diabetes ou hipertensão. Um quadro de saúde que existe uma medicação continua, ou seja, que a pessoa tome seus remédios regularmente, pro resto de sua vida. Neste contexto, o HIV é uma doença como qualquer outra, que, embora ainda não tenha cura, pode inclusive ser menos letal que uma gripe forte ou uma pneumonia. Como todos os outros fenômenos da existência, esta doença só se desenvolve dentro de um conjunto complexo e natural de causas e condições conhecido como Karma (ações). Portanto, a AIDS não pode, mais do que qualquer outra doença, ser considerada uma forma de punição ou castigo infligido por algum poder exterior, como por exemplo, um Deus. Por muito tempo, a Aids foi considerada um câncer gay ou mesmo uma punição divina àqueles que possuíam uma sexualidade desviante de uma norma imposta pelas sociedades cristianizadas.

Diante disso, a ética budista nos impõe presta atenção em nossas ações. De que forma estamos cuidando do nosso corpo? De que forma estamos prestando atenção em nossa sexualidade? De que forma monitoramos e zelamos pela nossa saúde? Todas as nossas escolhas levam a consequências e nossa vida se desenvolve no ceio destas causas e consequências. Muitas vezes elas podem ser boas consequências, outras vezes podem dar em maus resultados, consequências nocivas. Por isso, muito mais do que nos preocuparmos com o que doença em si significa, com julgamentos de valor a respeito do HIV, nós budistas deveríamos nos preocupar com nós mesmos e com as outras pessoas.

Os budistas possuem a missão de criar ações compassivas e ajudar a reduzir seu sofrimento dos outros. O Buda por muitas vezes foi comparado como um médico, aquele que teve como propósito curar o sofrimento das pessoas, tirar o sofrimento do mundo. Nós temos o mesmo papel, que seria zelar pelo bem-estar das pessoas, evitar causar sofrimento pra si mas principalmente para os outros. Pessoas HIV+ são completamente bem-vindas no Budismo, pessoas HIV+ devem ser acolhidas no meio da comunidade budistas, pessoas HIV+, seja ela LGBTI+ ou não, devem se sentir confortáveis e seguras em compartilhar suas experiências, em querer expressar seu status, mas principalmente devem ser respeitadas caso queiram manter sua privacidade. HIV+ não tem aparência, não tem jeito, não tem cor, não tem sexualidade, não deve ser estigmatizado nem condenado. HIV+ deve ser celebrado assim como toda vida deve ser celebrada. Viver como ser humano é uma oportunidade única e devemos garantir que todos possam descobrir a alegria que é viver neste mundo.

Que possamos seguir o exemplo de Issan Dorsey Roshi e encher nosso coração de alegria e compaixão, vivendo nossa vida plenamente e criando propósito de ajudarmos uns aos outros a conseguir atingir o pleno despertar, eliminando toda a ignorância dentro de nós e do mundo.

Este texto foi escrito com base na biografia de Issan Dorsey, “Street Zen: the life and work of Issan Dorsey“. E também contém trechos do relato de um de seus discípulos publicado no livro “Dharma Queer: voices of gay buddhists“.

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Comments (2)

Agradecido por compartilhar essa história.

Gostei muito de conhecer essa biografia.
Muito humana.
Gratidão

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