Dia 18 de junho de 2022 estivemos presentes no Ato Interreligioso no Largo do Arouche (SP) para celebrar uma pluralidade religiosa que acolhe a diversidade sexual e de gênero, que abraça, respeita e recebe todos, todas e todes LGBTI+ queremos agradecer a todes que estiveram presentes e ajudaram na organização! Dia 19, domingo, estaremos clm o bloco “Gente de Fé” às 10h30 na frente do MASP, na 26a Parada do orgulho LGBTI+. Confira nossa fala para o ato!
O Despertar está além do gênero ou de qualquer orientação sexual.
A natureza búdica que todes temos dentro de nós não é masculina nem feminina, esta binaridade que traz diversas desigualdades vem da sociedade. O Carma não tem gênero e tampouco leva à diferenças de gênero.
O Buda diz que você se identifica com um eu que tem a ver com as particularidades de cada um ou uma de nós. Por muito tempo, noções erradas do Carma gerou intolerâncias e foram ou ainda são usadas para justificar desigualdades.
A mente binária é discriminatória e cheia de apegos a ideias que parecem permanentes, porém muitas vezes são percepções equivocadas de uma realidade que é fluída e impermanente. O ser humano discrimina masculino e feminino através de percepções diante de formas e aparências.
Discrimina também, aquele que acha que está fora de si mesmo, que julga ser diferente, a partir de parâmetros que são determinados por uma sociedade injusta em que se vive e que acabam ganhando relevância.
Hoje estamos juntes aqui, diversos grupos das mais variadas tradições religiosas para tentar corrigir estas percepções e interpretações distorcidas que causam tanto mal a diversas pessoas.
Queríamos lembrar que o Buda lutou contra toda e qualquer ideia que levasse ao sofrimento das pessoas e principalmente aqueles que acarretassem violência. Estamos aqui para mostrar a compaixão, o acolhimento, a liberdade de ser quem se é e de fazer suas próprias escolhas, sempre de maneira responsável e que deve evitar sofrimento para si mesmo, mas também para outres!
Gostaríamos de citar rapidamente a autora Cida Bento que em seu texto “Pacto da Branquitude” nos ajuda a refletir sobre as opressões dos ideais, ou melhor dizendo, pactos heteronormativos ainda tão imperativos em nossa sociedade.
“Um pacto é uma aliança que expulsa, reprime, esconde aquilo que é intolerável para ser suportado e recordado pelo coletivo. Gera esquecimento e desloca a memória para lembranças encobridoras comuns. O pacto suprime as recordações que trazem sofrimento e vergonha (…) Aponta que a percepção da existência do outro como um atentado contra minha vida, como uma ameaça mortal ou perigo absoluto, cuja eliminação biofísica reforçaria o potencial para minha vida e segurança”
Que possamos quebrar este pacto das normas sexistas e de gênero, das normas de classe, das normas etaristas, das normas racistas, de toda e qualquer norma que oprime, aprisiona, violenta e abusa de nossa existência.
Agradecemos estar aqui com todes vocês neste ato tão belo, tão importante! Que possamos estar juntes mais vezes e novamente no próximo ano. Que a luz infinita do Buda possa iluminar a todes aqui presente!
Namu Amida Butsu